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sábado, 11 de agosto de 2018

Eu busquei as respostas logo cedo
Te procurei em vão
Senti a falta, fiquei com medo
Mas
Prefiro ouvir o poeta:
Pode ser bom
Voar sozinha.
E assim
Prefiro a dor do dedão!

terça-feira, 24 de julho de 2018

desejo sincero

Os Votos
“Pois desejo primeiro que você ame e que amando, seja também amado.
E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa.
Desejo depois que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos e que mesmo maus e inconseqüentes sejam corajosos e fiéis.
E que em pelo menos um deles você possa confiar e que confiando não duvide de sua confiança.
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos nem poucos, mas na medida exata para que algumas vezes você interprele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo para que você não se sinta demasiadamente seguro.
Desejo depois que você seja útil, não insubstituívelmente útil mas razoavelmente útil.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante, não com que os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com aqueles que erram muito e irremediavelmente.
E que essa tolerância nem se transforme em aplauso nem em permissividade, para que assim fazendo um bom uso dela, você dê também um exemplo para os outros.
Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais,
e que sendo maduro não insista em rejuvenescer,
e que sendo velho não se dedique a desesperar.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.
Desejo por sinal que você seja triste, não o ano todo, nem um mês e muito menos uma semana,
mas um dia.
Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, talvez agora mesmo, mas se for impossível amanhã de manhã, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes.
E que estão estão à sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles.
E que eles continuarão à volta de seus filhos, se você achar a convivência inevitável.
Desejo ainda que você afague um gato, que alimente um cão e ouça pelo menos um João-de-barro erguer triunfante seu canto matinal.
Porque assim você se sentirá bom por nada.
Desejo também que você plante uma semente por mais ridículo que seja e acompanhe seu crescimento dia a dia, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano você ponha uma porção dele na sua frente e diga: Isto é meu.
Só para que fique claro quem é o dono de quem.
Desejo ainda que você seja frugal, não inteiramente frugal, não obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal.
Mas que essa frugalidade não impeça você de abusar quando o abuso se impor*.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você. Mas que se morrer, você possa chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.
Desejo por fim que,
sendo mulher, você tenha um bom homem
e que sendo homem tenha uma boa mulher.
E que se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez e novamente de agora até o próximo ano acabar.
E que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor pra recomeçar.
E se isso só acontecer, não tenho mais nada para desejar”
Fonte: Folha da Tarde – Porto Alegre – 30 de Dezembro de 1978(extraído do jornal escaneado presente no Blog de Emílio Pacheco)
* o correto de “se impor” seria “se impuser” (correção proposta pelo Sr. Anibal Albuquerque)
Observação: Toda pontuação e formatação do texto foram mantidas de acordo com o original.

domingo, 13 de maio de 2018

Um poema para nós

Amor à primeira vista

Ambos estão certos
de que uma paixão súbita os uniu.

É bela essa certeza,
mas é ainda mais bela a incerteza.

Acham que por não terem se encontrado antes
nunca havia se passado nada entre eles.
Mas e as ruas, escadas, corredores
nos quais há muito talvez se tenham cruzado?

Queria lhes perguntar,
se não se lembram –
numa porta giratória talvez
algum dia face a face?
um “desculpe” em meio à multidão?
uma voz que diz “é engano” ao telefone?
- mas conheço a resposta.
Não, não se lembram.

Muito os espantaria saber
que já faz tempo
o acaso brincava com eles.

Ainda não de todo preparado
para se transformar no seu destino
juntava-os e os separava
barrava-lhes o caminho
e abafando o riso
sumia de cena.

Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.
Quem sabe três anos atrás
ou terça-feira passada
uma certa folhinha voou
de um ombro ao outro?
Algo foi perdido e recolhido.
Quem sabe se não foi uma bola
nos arbustos da infância?

Houve maçanetas e campainhas
onde a seu tempo
um toque se sobrepunha ao outro.
As malas lado a lado no bagageiro.
Quem sabe numa noite o mesmo sonho
que logo ao despertar se esvaneceu.

Porque afinal cada começo
é só continuação
e o livro dos eventos
está sempre aberto no meio.

Wislawa Szymborska 

sábado, 24 de janeiro de 2015

tormenta

era porto seguro. e o que é ser o porto de alguém? hoje só tormenta. trabalha pelo afastamento e um dia será a minha vez.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

colateral

se viu sozinha. amedrontou. por entre o véu de fumaça sabe que passará. precisa força. precisa coragem. precisa paciência. e sozinha segue. firme.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

OBEDIÊNCIA

tornei-me obediente e sem medo vim parar aqui. estou feliz e ponto.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Em tempo


Recado ao senhor 903


Vizinho –
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor teria ainda ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003,me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão, ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio. Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou.” E o outro respondesse: “Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela”. E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
(Rubem Braga).


domingo, 30 de dezembro de 2012

o ano bom chegou ao fim

Simpático este número 12. Sempre foi. E  lá vai ele, embora. Mas ficam os aprendizados: aprendi mais sobre o amor, sobre as pessoas, sobre mim mesma. Lições de vida e a constatação de que quanto mais os anos passam, mais simples fica a vida. Íntima de mim mesma.

Agora vá, 2012. Fecha o ciclo.

domingo, 22 de julho de 2012

Sábia Cecília

Gargalhada

Homem vulgar! Homem de coração mesquinho!
Eu te quero ensinar a arte sublime de rir.
Dobra essa orelha grosseira, e escuta
o ritmo e o som da minha gargalhada:

Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!

Não vês?
É preciso jogar por escadas de mármores baixelas de ouro.
Rebentar colares, partir espelhos, quebrar cristais,
vergar a lâmina das espadas e despedaçar estátuas,
destruir as lâmpadas, abater cúpulas,
e atirar para longe os pandeiros e as liras...

O riso magnífico é um trecho dessa música desvairada.

Mas é preciso ter baixelas de ouro,
compreendes?
- e colares, e espelhos, e espadas e estátuas.
E as lâmpadas, Deus do céu!
E os pandeiros ágeis e as liras sonoras e trêmulas...

Escuta bem:

Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!

Só de três lugares nasceu até hoje essa música heróica:
do céu que venta,
do mar que dança,
e de mim.

sábado, 14 de julho de 2012

Já era

Não sei de quem é este texto. Encontrei-o no facebook, que de vez em quando serve para alguma coisa.

"Mulher não desiste, se cansa. A gente tem essa coisa de ir até o fim, esgotar todas as possibilidades, pagar pra ver. A gente paga mesmo. Paga caro, com juros e até parcelado. Mas não tem preço sair de cabeça erguida, sem “E se”. A gente completa o percurso e às vezes fica até andando em círculos, mas quando a gente muda de caminho, meu amigo, é fim de jogo pra você. Enquanto a gente enche o saco ...com ciúmes e saudade, para de reclamar e agradece a Deus! Porque no dia que a gente aceitar tranquilamente te dividir com o mundo, a gente não ficou mais compreensiva, a gente parou de se importar, já era. Quem ama, cuida! E a gente cuida até demais, mas dar sem receber é caridade, não carinho! E estamos numa relação, não numa sessão espírita. A gente entende e respeita seu jeito, desde que você supra pelo menos o mínimo das nossas necessidades, principalmente emocionais, porque carne tem em qualquer esquina. Vocês nem sempre sabem, mas além de peito e bunda, a gente tem sentimentos, quase sempre a flor da pele. Somos damas, somos dramas, acostumem-se. Mulher não é boneca inflável, só tem quem pode! Levar muitos corpos pra cama é fácil, quero ver aguentar o tranco de conquistar corpo e alma, até o final "

E não é isso?


quarta-feira, 27 de junho de 2012

depois da tarde fria

começa a acontecer. um processo longo, doído. precisa cravar as unhas e arrancar de dentro o que deve sair. flagelo. sangue que flui. o corpo é o leito do rio-sangue. parece natural, porque era constante, desde sempre aquilo aconteceu, no entanto só agora se dá conta da constância sentir, sofrer, sangrar.  vai morrer, quer. não pode mais estar sobre o palco. não pode mais representar o asqueroso papel. e anestesiada, limpa e curada, voltará a ser essência e no leito seco de sangue, o rascunho daquilo de que é feita.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Amor? Não.

Sabe qual é a bola da vez? Um bom moleton.
E tem mais: uma colher de brigadeiro, uma cama quentinha e uns filmes na TV.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Limpe esta poeira

Ela precisa que ele a reconquiste. De outra forma não haverá como prosseguir, não ao lado dele. Tudo o que ela almejava quando dia após dia sonhava com ele está perdido em algum lugar escuro e empoeirado.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O chão é frio demais

Ela está novamente no chão. Agora não sabe como ficar de pé. Não há ninguém ali que possa ajudá-la e se houvesse como pedir auxílio? Ela não acredita mais. Ela não quer mais acreditar. Então, fique aí. Não seja perceptível e só se levante quando estiver curada. Autocura.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Nasceu!!!!!!

Da concepção ao parto,  nada mais que vinte dias. E hoje finalmente deu à luz uma grande mentira.

domingo, 8 de abril de 2012

Verdade

Ela sabe que a verdade está bem perto. Uma presença que carrega medo e esperança. Não sabe ainda o que será. Mas tem certeza de que o portal está aberto e que de uma forma ou de outra terá que passar por ele. O que é hoje, não será nunca mais.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Resposta a [untitled]

Eu também, Patrícia Sampaio, estou farta de pessoas que se esquivam da vida, das pessoas e da verdade.